9 de março de 2015

O Guarda Alerta a Cidade



No auge da Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, usando a melhor tecnologia da época, os norte-americanos criaram um sistema conhecido pela sigla DEW Line, ou pelo nome extenso de Distant Early Warning Line (Linha Distante de Alerta Precoce). Durante a segunda metade do século 20, esse sistema, baseado em radares instalados no Canadá, Alasca e Groenlândia, existia para alertar de antemão sobre a chegada de aviões que poderiam lançar mísseis contra alvos norte-americanos.

Antigamente, aviões e mísseis lançados de outros continentes não faziam parte do cenário de guerras, mas a ideia de se defender com alertas precoces de ataque sempre foi fundamental à defesa. Cidades fortificadas tipicamente tinham suas torres de vigia, onde foram postas sentinelas para avisar da chegada de inimigos.

A conhecida imagem do vigia foi usada várias vezes nas Escrituras para representar os servos que comunicavam a palavra do Senhor aos outros. Esse uso da figura aparece a partir do oitavo século a.C. em textos escritos pelos profetas Isaías (21:8) e Oseias (9:8). A ideia foi empregada em um sentido mais detalhado pelo profeta Ezequiel, no início do sexto século a.C. Deus disse: “Filho do homem, eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; da minha boca ouvirás a palavra e os avisarás da minha parte” (Ezequiel 3:17).

No resto do capítulo, Deus apresenta para Ezequiel quatro possíveis cenários que ilustram bem a responsabilidade do vigia ou atalaia e que nos ensinam sobre o dever de cada pessoa que tem conhecimento da palavra do Senhor.

1) O vigia não avisa o pecador (Ezequiel 3:18). Todos que persistem na prática do pecado caminham para a perdição (Mateus 7:13-14). Qualquer um que transmite a mensagem das Escrituras deve ser fiel na sua tarefa de avisar sobre as consequências do pecado. No primeiro caso apresentado aqui, Deus fala da consequência se o vigia não cumprir sua obrigação. O pecador seria morto por causa da sua rebeldia, mas o sangue dele seria requerido da mão do vigia negligente.

2) O vigia avisa o pecador (Ezequiel 3:19). No segundo caso, o servo se mostra fiel e alerta o perverso sobre a consequência da sua desobediência. O pecador não se arrepende e continua caminhando para a morte, mas a sentinela não tem manchas de sangue nas suas mãos por ter cumprido seu dever.

3) O vigia não avisa o justo desviado (Ezequiel 3:20). Neste caso, um homem justo que servira a Deus durante toda a sua vida se desvia do caminho, e o atalaia não procura corrigi-lo. Sem o arrependimento, o homem que abandonou o caminho de Deus morre pelos seus pecados, mas Deus requer o seu sangue do guarda que não agiu para salvá-lo.

4) O vigia avisa o justo para que evite o pecado (Ezequiel 3:21). No último caso, o mensageiro de Deus cumpre sua responsabilidade e avisa o justo do perigo de se desviar. O justo acata essa instrução, resiste à tentação e vive. A sentinela fiel agiu para salvar a alma desse justo e se salvou no cumprimento do seu dever.

Dessas instruções de Deus para o profeta Ezequiel aprendemos duas lições principais. Primeiro, percebemos a importância de proclamar com fidelidade a mensagem do Senhor. Falar do pecado e das suas consequências fatais é desagradável e, por esse motivo, muitos que se dizem pregadores do evangelho evitam esses assuntos. Promessas de saúde física e bens materiais são mais fáceis de oferecer do que a verdade sobre a diferença entre a vontade de Deus e a rebeldia de pessoas carnais. Segundo, vemos claramente a escolha do homem. O perverso decide pecar, e tem a opção de não pecar. O justo decide fazer o certo, mas tem a opção de se desviar do caminho da justiça. Cada pessoa é responsável por suas decisões e receberá a justa recompensa por sua resposta à palavra de Deus (2 Tessalonicenses 1:7-10).

“Porque importa que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2 Coríntios 5:10). 

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